22 de janeiro de 2009

Alguém me leu...

É cedo! Não que o seja na realidade mas para mim é... a partir do momento em que nas últimas manhãs frias e chuvosas nada mais tenha feito do que me render ao calor dos meus lençóis e ao aconchego da minha almofada. Sim, não tenho acordado propriamente antes do nascer do sol e muitas vezes quando levanto os estores, o sol já vai alto (quando ele existe), ou então o vizinho da frente já está a estacionar o carro para vir almoçar e completar assim meio dia de trabalho... o que me faz descer à realidade e perceber que algo não vai bem!
Hoje dormi, se muito, duas horas em constante sobressalto. E a angústia que sentia ao deitar-me acordou comigo. Ainda há pouco tempo, e numa conversa com alguém, dizia que "o dia seguinte era sempre melhor"... mas hoje isso não está a acontecer porquê, questiono-me...


Confesso que continuo a colocar títulos no meu dia-a-dia e a descrevê-los no meu pensamento ao que chamo de "as minhas folhas soltas". Confesso ainda, que de há uns meses a esta parte, tenho sentido vontade de vir aqui escrever... de me tentar "encontrar" por entre rabiscos, pontos e vírgulas, travessões ou pontos de exclamação mas que mais não tenho feito do que reler o meu passado e nele me continuar a rever... pois continuam ainda a ser as "bofetadas da vida" e as "lágrimas" de mais um "não" que me fazem para aqui vir despejar caracteres. Era tão bom dizer que este período de pausa em que não vim aqui escrever tivesse sido ausência disso mesmo.

Mas não foi... longe disso! Para ser sincera existiram "bofetadas" bem mais fortes que me derrubaram e "lágrimas" incontroláveis que nos meus olhos se acomodaram.
Sim sou sensível apesar de querer mostrar ao mundo real que não. Sim, continuo a comprar um número de sapatos abaixo do meu só porque prefiro sofrer de dores nos pés durante alguns dias do que passar o resto do tempo com um par de calçado demasiado largo... sim tenho o coração livre e desempedido onde a paixão dificilmente entra mas também facilmente sai...

Há coisa de dias conheci uma pessoa bem demais quase que acidentalmente... não, não fomos para a cama nem nos amassámos um ao outro.. simplesmente fomos nos entregando sem peso nem medida. O resultado era quase sempre melhor do que o esperado o que desencadeou longas e tardias conversas quer estivessemos longe um do outro, quer estivessemos lado a lado. Admito que não tinha qualquer interesse físico, pelo menos de forma assim deliberada e anunciada, porque na realidade o que me fascinava era mesmo a nossa transmissão de pensamentos, as nossas vontades comuns, de saber um do outro e ao mesmo tempo não saber é nada. A nossa química...

A própria forma como nos conhecemos foi pouco dúbia, se não mesmo uma transmissão de pensamentos... de longe a menina mais bem comportada do mundo... foi assim que ele me viu pela primeira vez.

Do alto dos meus saltos altos, e numa noite de folia, mostrei aos CEGOS mais uma vez ser uma mulher segura, uma mulher que ri e dança sem medo, que vive a vida com prazer e como se não houvesse amanhã, que se dá sem preconceitos e pisa quem está à frente, que vê o mundo girar à sua volta... do alto dos meus saltos altos, queria dizer a mim mesma que estava tudo bem e que a vida é bela. Lá no alto sentia-me altiva, bonita, atraente, feminina, capaz, dominadora, corajosa... lá bem do alto sentia-me inalcansável, onde nunca mais deixaria alguém chegar ao meu coração para o fazer sofrer!

Mas ele chegou... sim aquela pessoa que conheci quase que acidentalmente. Aquela pessoa olhou-me naquela noite com outros olhos... e diferentemente do que toda a gente via.. ele LIA o meu interior. E eu deixei-me ler...

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